demora-te. não tenhas pressa.

Data 28/08/2008 14:14:03 | Tópico: Poemas -> Amor

há escolhas rectilíneas no viés destes caminhos

por debaixo das frágua
por entre os carreiros ordenados das formigas
no voo das águias
nos mais esconsos atalhos
na elegância dos flamingos
no stress hídrico e salifico das madrugadas...

por todos trilho
nos lotos da praia norte.

a espuma em ondas livres fala-me agora
de cambiantes
de cores
de formas tão sucintas e precisas
delineadas p’las areias e p’los lábios
- lápis-lazúli de nenúfares -,
ilhas terrificas
e secretas em forma de carpaças de tartarugas…

demora-te. não tenhas pressa.
alonga-te para além da hora extinta
no voo planado de uma singela gaivota …

não, não estranho ausências.
avanço, como que em prolação do gesto
que bordarei, de meu corpo no teu corpo,
das minhas mãos em concha onírica
cálice a escorar teu rosto…

fundeio ao largo. adorno o casco lateral
elevo braços em redor do teu pescoço
enrosco as tuas em minhas coxas,

…. e sou-te lastro.

e beijo-te… e mimo-te. igual à água
ao plangor sibilante da chuva
a marulhar em orvalhos matinais,

igual ao mais ínfimo dos insectos,
ao maior dos animais…
…sou-te!

sabes…
há escolhas severas no viés destes caminhos.


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