MAGOADO PELO AMOR
Data 03/04/2007 15:40:00 | Tópico: Poemas -> Tristeza
| MAGOADO PELO AMOR
Choro no papel as lágrimas minhas, Pois não vejo onde mais poder chorá-las. O meu coração na tua mão tinhas... Mas com o fero silêncio que calas, O meu sentimento assim enfarinhas, Das dúvidas nas indigestas valas Sinto que o abandonas moribundo... E, na mão ainda tens o meu mundo.
A nada podes o meu amor pesar, Esta certeza com fé te garanto; O meu amor por ti consegue ousar Até o profanar do sacrossanto; É o sabor que no sonho vem pousar, Este sonho que fabrica o espanto. Só tu não sentes esta maravilha Que no meu peito para ti fervilha.
Do meu peito não vês as dores, Nem notas o seu dulcíssimo canto; Poderás não pisar as suas flores, De não virar seu doce riso em pranto? Poderás notar estas ricas cores Que embelezam este aprazível manto, Manto de amores que no peito levo, E das paixões que pra ti eu escrevo?
De emoção na minha alma há torrente, Lavas que me incendeiam de paixão E que levam na sua lesta corrente O amor que por ti me há no coração, E que me espalham no sangue fremente Essa louca chama de excitação, Que faz a minha alma, logo ao te ver, Dentro de mim não poder se conter.
Há mil coisas que dizer te queria, Mas, melaço, tudo isso vou guardar Cá no fundo, onde não há a luz do dia, Onde não consegue o vento soprar, Onde está a pálida e triste alegria Dos ais que me estão a devorar. Não vou te dizer mais nada, querida, Mesmo ficando com a alma dorida.
Sinto que não queres o meu amor Pois, vê-lo, mas maltratá-lo preferes; Sinto que sentes um brando sabor Quando este meu louco sonho tu feres; Sabes como fazes em mim a dor, E até parece que é isso que queres. Força!, continua a me maltratar, Talvez possa a minha dor acabar.
Já fiquei tão gordo de não saber O que sentes na verdade por mim, Ignorância cruel que faz doer O meu coração de modo ruim. Tem piedade, pois estou a sofrer, Nada te pedi mais que um não ou sim. Atende-me o clamor, apaga-me as dúvidas, Pois de confidência tu tens-me dívidas.
Estás cega de não quereres ver Que tenho tanto amor pra te dar, Não queres ver que me fazes sofrer Com isso do meu amor duvidar. Não vês que me fazes arrepender, Querer conseguir desapaixonar? Queria abrir pra ti o meu coração Pra veres o que me vai na emoção.
Sinto a alma apertada pela recusa De não me fazeres ver o que sentes; A minha vida na tua é reclusa, E isso de saber me impede se mentes Quando pretendes que do silêncio usa Aquilo que não sai de entre teus dentes. Se me amas como queres pretender, Por quê nada me consegues dizer?
Por mais que não consegues te expressar Para não adulterar teu coração, Há tantos verbos que podes usar Para dar a luz à tua emoção, Mas teimas em da fala não tomar Para exprimir a tua sensação De te saberes por mim tão amada, Teimas em ficar pra sempre calada.
Agora, digo: Força, vai avante, Não pára, continua a machucar, Não reduza a mecha nem um instante Vai té onde a tua força alcançar. Vai, continua a moer este amante Que só errou ao teu amor tomar. Vai, continua a moer-me a paixão, Não me desejas ter numa caixão?
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