
Alma Sertaneja
Data 04/04/2007 06:49:41 | Tópico: Poemas -> Amor
| Talvez eu queira incendiar as pupilas dos teu olhos na poeira dos caminhos por andar. Queira ver na tua íris de gelatina (esse olhar que me domina) a cintilar, o interior bravio do meu sertão por desbravar.
E o vento corredio a dobrar o espectro do teu corpo. E as nossas histórias cruzadas em faúlhas incendiárias, diferentes e tão iguais, na resteva das searas imortais.
E o cheiro agridoce do pecado a povoar a sanzala alaranjada, quando o teu corpo aportar, balsa ou jangada, no meu corpo, cais ou porto.
Em danças de luar, felinas e tribais. No cumprimento de antigos rituais.
E depois do amor acontecer, correr emancipada e nua no terreiro de lama, na verdade quente da rua ... Ser Lua ... Sorver uma a uma, todas as inesgotáveis gotas d’uma divina trovoada tropical, no ungir do sal...
Ser primitiva, berço. África em ti, quando o Sol desenhar o teu corpo no lençol anil das águas. E tu fores apenas animal, no Abril dos meus braços. Apaixonado paiol, nos rios, fontes e riachos.
Sim, quero-te ser, inteira. Alma Sertaneja, na corrente espuma, lava e bruma, das áfricas cachoeiras.
|
|