Solidão

Data 08/09/2008 11:54:01 | Tópico: Prosas Poéticas

És fogo, paixão ardente, letra que minha palavra escreve. És dia em plena noite, murmúrio que minha alma sente. És água que pelo meu corpo escorre, torrente que em meu sangue ferve. És abraço ausente, saudade premente, dor que meu peito enche. És luz que meus olhos ofusca, vento que me fustiga, silêncio que me invade a mente.

Debruço-me sobre as letras, procurando nelas a tua presença, escuto na ponta do lápis os lamentos que o tempo me oferece. Na solidão da noite, sou barco à vela perdido, naufrago esquecido, ou simples alma perdida num oceano de palavras vazias. Procuro um sentido, uma imagem um guia, luz terna que me alumia. Corro sobre as frases como criança perdida em plena catástrofe, como pássaro açoitado pela tempestade.

A luz da vela projecta-me contra a parede vazia do quarto, lá fora escuto as primeiras chuvas de inverno precipitarem-se sobre as vidraças, aqui, embrenhado nos meus sonhos, escuto um leve murmúrio da tua voz, como se quisesses quebrar a minha solidão, como se quisesses levar-me contigo para outra dimensão.


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=51834