escarpas celtas

Data 09/09/2008 19:24:52 | Tópico: Poemas -> Surrealistas

meu mar,
meu mar menino, meu mar maior…

tantas e tantas vezes te cantei
em glosas
em hinos
em epinícios
da mais pálida ou carmina emoção,
tantas e tantas vezes te chorei
no sal verde-água de meu próprio olhar,
que hoje, olhando-te deste ponto setentrião,
nesta Escócia derradeira
não detenho total exactidão
se tu começas setentrional à ilha
ou acabas
como um canal ducto em peito aberto.

avanço a falésia, vulcânica escarpa,
palmilho léguas infindas
ao verde destes campos que se abeiram territoriais,
trigais em movimento, fardos feitos de um tempo celta,
adjacentes ao verbo [perpétua a luta...]
e tudo se confunde, se conturba,
se agita
ademais em meu redor.

ocupas-me com a fúria gélida do Pico Everet,
ganhas-me em forma de ventos a soprar de sudoeste,
e, tua já, não te resisto...

e me banhas
e me massajas a pele da alma

em talassoterapias
em seixos
em desejos
em limos verdugos de mar alto.

meu mar,
meu mar menino, meu mar maior…

entre ti e mim existe
aqui
ali
em qualquer parte ou lugar
a química tsunamica de um (e)terno parto.


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