Mono Grafia

Data 12/09/2008 22:48:29 | Tópico: Textos

Absurdas as carícias trocadas entre a língua e o pensamento e eu termino comigo em questionários, escrevendo meus olhos tintos nalguma porta secreta e aberta em nome de uma garrafa bêbada de vinho, enquanto a música fervilha hipóteses na noite giratória da sala.
Quase azedo, quase virgem, o futuro sentado e nu,
nos braços articulados de uma hipoteca antiga, é quase o que a música diz e o relógio ouve, move-se à revelia da espera enquanto os minutos rudes deambulam na taça vazia, trincada dentro do meu peito. Tudo são flagrantes e blefes inscritos nos sons dos afagos que borbulham, incontinentes, no último suspiro que a caneta exala. Mais uma vez termino comigo num banho frio, com uma blusa branca nunca antes transparente e choro em folhas de papel afeições e pelejas, confusas apostas de má sorte que só importam ralo a baixo, onde termino comigo, teatral, desconhecendo referências, rótulos, endereços nobres de adegas.




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