
Até que as palavras morram de tristeza...
Data 06/04/2007 22:02:15 | Tópico: Poemas
| Até que as palavras morram de tristeza...
A ti …que és poema E fazes do meu grito a tua voz Confesso-me! Não esqueço… Não apago… Não perdoo… Que o mar seja sempre azul Mesmo que nos meus olhos Ele seja só um ponto cinzento Difícil de avistar. Não me lembro Quem lhe roubou a beleza da cor… Quem se atreveu A dizer-me que os meus olhos sabiam a sal grosso E que o mar Tinha nas ondas Uma mordaça para o meu pranto. Não perdoo Que o céu tenha nuvens carregadas E que esconda as estrelas do meu olhar Quando a noite em mim cai… Não perdoo… Que o mel que barrei em mil palavras Seja saboreado como se fossem fel. Não apago… Todos os passos que dei às cegas e com o coração às costas… Não esqueço… Que não caminhei em círculos Porque sei que em todos os momentos Não tinha os pés no chão. Estou certa que neles sempre voei Então porque me iria esquecer O que é ter asas num segundo ?
A ti… que és poema E sabes que no luar me refugio Confesso-me! Não sonho… Não sinto… Não vejo… Que o tempo seja a cura Mas acredito que os dias nascem e morrem a toda a hora. Não sinto… Que o coração tenha segredos Que o corpo desconhece mas que a alma confia… Mas confiei… E ele parou na areia E quis ver o mar de perto E eu confesso Que o levei lá. Que não pensei Que ele fosse sentir frio Quando o verão o abandonasse Para aquecer outras paisagens. Não sonhei Com jardins de folhas caídas no chão Mas dentro do meu peito o Outono parece não ter mais fim.
A ti…que és poema E em silêncio agora me contemplas Não olhes para mim Com os teus olhos piedosos Suplicando que deixe os meus versos Pingarem no teu rosto… Hoje não… Deixa-me ser eu… a egoísta desta vez e que todas as lágrimas dos poetas nasçam e renasçam vezes sem fim na ponta desta caneta até que exaustas na sua confissão morram de tristeza.
Daniela Pereira
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