ACABOU O PESADELO
Data 17/09/2008 17:31:24 | Tópico: Poemas -> Droga
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Se às vezes, falo de meu passado, não é por saudade, desses tempos, bem longe disso, serve apenas para não me olvidar do que sofri e para não deixar nenhuma porta, atrás de mim, aberta, que me possa falsear acontecimentos, do sofrimento vivido, trazendo-me apenas à lembrança o que possa ter havido de «bom»…
Infelizmente ou felizmente, tive meu tempo, para aprender, o que acabo de relatar. Porque normalmente, a mente só nos traz o «bom», esquecendo tudo de mal porque passamos, tão simples assim e mais do que provado… por isso falo, mantendo o monstro preso e criando novos caminhos, bem mais saudáveis, para a minha vida e da dos que me rodeiam.
Era uma vez um jovem, que farto da mesmice, do dia-a-dia e querendo saber, até onde poderia chegar, que sozinho descobriu o trilho das drogas. Nunca nada era suficiente pra ele, e, depressa, viciado se tornou, em certa noite, acordando cheio de dores atrozes. Não logo associei uma coisa à outra, adoecera – pensei, mas os dias e noites sucediam-se iguais, se acaso não tomasse as doses necessárias.
E assim se passaram anos atrás de anos, sem nada se alterar, a não ser a minha condição física e mental, sucumbindo aos efeitos nefastos da «maldita». Saí de mim, abri portas de percepção, até que já não reagia, sem as minhas tomas diárias, única condição para me levantar e fazer minha vida. Não podia continuar assim, e, fechando-me em casa, sofri a bom sofrer, durante vinte e três dias sem dormir, até alcançar um pouco de paz e sanidade.
Regressei; deixei; mas em mim algo tinha mudado, deixara de endeusar a nefasta coisa e sabia que teria de haver um final definitivo. Caminhando para os quarenta, pus um ponto final, até hoje em dia. Mas tal como iniciei este poema/relato, uma coisa gravei profundamente no meu pensamento, não esquecer por um instante, esse meu longo passado, de uma utopia, que durou meses e tudo o mais foi uma mentira por inteiro, que me levou atrás de si.
Jorge Humberto 16/09/08
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