Fidélius Mortiros: Um Sexagenário

Data 20/09/2008 16:10:12 | Tópico: Homenagens

Já se vê a barba hirsuta
Que tempera sua face velha,
E com sua memória já curta,
Percebe que nada lhe assemelha...

Vê-se claramente a têmpora esbranquiçada,
Na face fatigada não lhe há sorriso,
Pobre ser, vida cansada,
Pobre alma, perder o juízo!

As mãos trêmulas não fixam-se em nada,
Os olhos embaçados já não enxergam,
Que fará ele ante a marcha avançada,
Ante a marcha avançada dos que caíram?

É triste ver o fim de uma vida,
É triste ver algo assim,
Mas mesmo as flores, e as formigas,
Tão belas e diligentes merecem seu fim!


Então não dilacerem sua bela alma,
Estás cansado e a sofrer,
É impossível ante essa dor, manter a calma
Mas é algo que se tem de fazer!


Tenta então viver com dignidade,
Os poucos dias que ainda vai ter,
Contempla bem tua última realidade,
Resultado de tudo o que escolher!


Assim quando chegar tua hora,
A hora certa de partir,
Todos chorarão ao ver-te fora,
Fora de uma vida dedicada a sorrir!


Obrigado então pelo conhecimento,
Pela experiência e pelo prazer,
É triste ver-te partir e lamento,
Lamento ver-te morrer!


É horrivel, é horrível sim
Ver um amigo, um pai,
Falecer assim,
Porém... C´est La vie!

E quando tua alma chegar ao paraíso,
Ou a um inferno qualquer,
Não interceda por teus filhos, todos sem juízo,
Nem interceda pela vaca da tua mulher!


Faz-se então, teu epitáfio entalhado,
Avô dedicado, pai esforçado,
Filho feliz, marido safado,
Velho doente, pobre injustiçado!
Quis postar esse poema, meio tradicional e bem easy (quadras sempre são mais fáceis), porque ele simboliza todo o amor que eu sinto pelo único homem que realmente me importou e se importou comigo em toda essa minha vida, meu avô!




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