
Inteiras só as palavras
Data 08/04/2007 22:10:00 | Tópico: Poemas -> Tristeza
| Nada me retêm, nada me segura. A pele não contém a alma que em contraponto, escorre nas vastas águas, fontanários. De outras águas. Hoje queria-te aqui e tu não estás. Não estás quando a Lua vai embora Quando o Sol insiste em me acordar Quando o mar grande é gemido aprofundado na caverna letárgica dos sentidos. E quando pássaros melopeiam trinados (des)afinados aos meus doridos ouvidos. Povoam-me impunes os silêncios. Oiço-te os passos – laços e ao mesmo tempo, lentos e comprimidos, aos meus sempre colados. Adjacentes, ausentes e tão presentes. Só. Sinto-me só. Vagabunda d’alma, arejo do próprio vento. Perdida na brisa do teu lamento. Perdida de mim, num qualquer momento … perdida de ti, nos passos avessos que dou fora de mim. Não sei quem sou Não sei se existo Não sei sequer se este cheiro permanente a sangue coalhado a quente, estas feridas internas que não estancam, sangram cisternas profundas a ecoarem no vazio absoluto, esta pele violácea, na cor do luto, esta salinidade a escorrer-me nas entranhas, são verdadeiras.
Inteiras só as palavras. As que escrevo alinhavadas, na noite das minhas madrugadas.
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