
FOME DE ALMAS SUICIDAS(REPUBLICAÇÃO)
Data 26/09/2008 17:49:24 | Tópico: Poemas -> Dedicatória
| FOME DE ALMAS SUICIDAS
O cão que eu vi, Gostava de comer; Não carne vermelha, Mas índoles de fibra: Sequazes de lineares quimeras E líricos cactos nascidos em tempo do vôo da primavera.
O cão era robusto, alto e maduro. O cão trazia em sua expressão A marca firme, intimidadora, viril, atroz e segura Da argila que emanta a tez do verdugo, da besta-fera em pessoa. O cão quebrentou cruel, morosa, progressiva e definitivamente A rocha da certeza e da altivez que se cimentara Em um girassol sacramente emantado. O cão, trajado de apócrito sacro manto, Carcomeu a rosa que vicejara na estufa do sertão flagelado. O cão, com sua voz maninha, Transmudou o verdejante jardim fértil No verão da savana do Senengueti E na perene chuva de expansivos paraísos de cálido Vazio frio de desertos nefandos e inclementes.
O cão: o cão era dantesca imagem O cão: o cão era sicário iconoclasta De guerreiras e bonômias divindades O cão: o cão era pensamentos eternos de maldades etéreas O cão assassinara um idealista e altivo homem a seu deus Temente, Deixando em seu lugar um sombrio cérebro Aterrado e cadavérico somente.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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