se eu der título, matam-me!

Data 27/09/2008 21:57:37 | Tópico: Poemas

Eu sou pecador mas sou original
Não copio planos de roubo ou sequestro por ninguém
Faço as minhas armas com pedaços de papel, latas de cerveja, plástico sujo que apanho do chão

Os meus pensamentos são de origem grega
Por isso é que eu não sei os seus significados
Quem copiar uma linha do que digo
Não dormirá mais a partir desta noite
Porque eu vou enfeitiçar
Vou colocar cobras no caldeirão
Vou chamar gatos pretos para o pátio
Vou dar sinal à bruxa para que comece as benzeduras
Que ponha já o pote a ferver
Que mistura sapos e lagartos
Pau preto com pimentão
Porque eu sou pecador de todos os tempos
que paga a Deus à hora e ainda deixo gorjeta no balcão

...

Ao sair do bar mandaram prender um homem
Não foi pelos poemas que ele fez no papel
Nem pela bebida que ingeriu
Nem pelo seu velho aparato
Nem tão pouco o ridículo dos óculos redondos motivou o acto
Foi pelos pensamentos que lá deixou
Que diziam ser pensamentos muito vermelhos
Mais vermelho que a cor do sangue quando jorra
Que deu para pintar uma bandeira

Agora sabe-se que esse homem tinha um nome de fundação
Um apelido que deu origem a uma corrente
Um ar sério deixado nos retratos
Um tal de Marx
Que foi abatido quando quis varrer o que estava debaixo do tapete



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