Devaneios!?

Data 27/09/2008 22:07:02 | Tópico: Textos


Esta manhã fui seda no corpo amado. Deslizou na minha cama como fauno enlouquecido de desejo. Senti as mãos urgentes em passeio tresloucado pelo meu sono e docemente comecei a abraçar o dia e o prazer. Visitou-me os seios peregrinos, subiu e desceu por essas colinas plantadas no centro do desejo, elevando-me os bicos ecuménicos à silente promessa de prazer. Apetecia-me ficar ali, fingindo que me banhava ainda nas águas do sono, reprimindo as mãos, afagando a doçura do lençol, virando a sensual esquina dos sentidos, quando o nosso corpo se queda, ensurdece, emudece e apenas o gosto, o tacto nos apetecem. E fiquei. Prolonguei até à eternidade do prazer essa semi-inconsciência entre o sono e a vida. Uma ave esvoaçou sobre o meu corpo, um grito agudo que me rasgou a carne, mas não olhei. Um cão rosnou perto de mim e era negro, mas não vi. Deixei-me apenas encadear no fernesim impossível de parar. O meu fauno resfolegou sobre o suor dos corpos. Eu suspirei e escorreguei pelas cascatas tensas dos sentidos, libertando-me enfim das suas garras... Estive ausente entre a espuma branca e o rumorejar intenso das águas. Voltei. Ainda agora não sei se foi apenas devaneio da mente cansada, se foi sonho vadio da madrugada. Acordei assim... Mimado o corpo, preenchida a alma, e vazia a cama.



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