Confronto

Data 04/05/2006 14:29:18 | Tópico: Prosas Poéticas

Luísa acabara de acordar, eram sete da manhã em ponto. De repente, ouve bater à porta violentamente, acompanhado por gritos aflitivos. Luísa dá um pulo para fora da cama, e corre direita à porta. Depara-se com o Sr. Manuel, o padeiro.

— O que aconteceu? - Pergunta Luísa.

— Por favor vá à casa da senhora Maria, ela precisa de ajuda, respondeu ele, aflito.

Luísa atravessa a rua e bate à porta da vizinha e amiga. A porta está entreaberta! Luísa ouve uns sons vindos do quarto, e dirige-se para lá e depara com a amiga deitada na cama, inanimada, sem falar e sem se mexer, apenas saindo dentro dela uns sons esquisitos.

Luísa corre a pedir socorro e traz com ela a vizinha do lado. Aproximaram-se e os sons eram cada vez mais altos. Ana pede à Luísa que vá chamar a sobrinha que vive ali pertinho.

Quando regressam, ela diz: acabou de falecer agora. Chamaram o marido que se encontrava a trabalhar. O marido chegou acompanhado pelo médico, que diagnosticou uma hemorragia cerebral, como causa mais provável da morte.

Luísa fica como que sonâmbula, mas ajudou em tudo o que foi preciso : a tirar o ouro e vestir a amiga, antes que o corpo arrefecesse.

Esteve dois dias sempre perto dela, acompanhando-a fielmente até à última morada.

Só passados dias é que Luísa cai em si e chora convulsivamente para exprimir a dor que sentia por perder a sua melhor amiga, companheira diária e confidente dos seus estados de alma.

Mais resignada, pensa como somos impotentes perante a morte e como quão primordial é vivermos cada instante da nossa vida como se fosse o último.




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