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                             POEMA DO DEPOIS(REPUBLICAÇÃO)Data 01/10/2008 11:19:21 | Tópico: Poemas -> Reflexão
 
 |  | POEMA DO DEPOIS 
 
 
 
 E depois...
 depois dos abadás?
 E depois...
 depois das plumas e paetês?
 E depois...
 depois das bocetas degustadas?
 E depois...
 depois das bananas chupadas?
 E depois...
 depois da euforia passada?
 E depois...
 depois do vermelho despontando no frontal horizonte?
 Do vermelho dos juros do Banco...
 Do vermelho que canta a trova do despejo que se aproxima...
 Do vermelho que toca a dramática balada do avolumar duma
 Jovem
 Barriga...
 Do vermelho no estouro do limite do dinheiro de plástico...
 Do vermelho que irrompe a periferia, levando consigo o amargo:
 O amargo sabor do
 Ocaso...
 Do vermelho da responsabilidade que se materializa num cordão
 Umbilical
 Cortado...
 Do parasita vermelho do HIV continuamente a devorá-lo...
 E depois...
 depois do vermelho da vida que escapa? Escapa ao deixar o
 corpo para inundar o chão de plasma...
 E depois...
 depois do servo Irãnio?
 
 
 
 E depois...
 depois da conquista do Negro Ouro em solo maometano?
 E depois...
 depois de mostrar aos mandarins quem é que manda?
 E depois do presente?
 E depois do efetivo de ferramentas assassinas...
 Dos soldados do rentável sistema de baixo?
 E depois das carícias...da decepção...das certezas...do amor.
 Das promessas?
 E depois do passado?
 E depois do futuro: o que haverá de nós sobrado?
 E depois do nada ecoado?
 E depois das cinzas da fogueira?
 E depois de tudo apagado?
 E depois do mar de silêncio?
 E depois da supernova?
 E depois do enterro?
 E depois do pairar do crepúsculo?
 E depois do teatro dos vampiros?
 E depois do olhar do mendigo?
 E depois da aurora?
 E depois, como continuar a seguir o caminho?
 E depois, como se achar em um mundo perdido?
 E depois do agora?
 E depois do depois do agora?
 E depois do depois do amanhã?
 E depois do depois do depois?
 
 JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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