Sinestesia

Data 01/10/2008 16:33:30 | Tópico: Textos

Pedindo amparo ao ameaçador, caminho nas ruas do centro esperando a chuva que nunca mais vem, um momento tecido de inexatidão, como uma serenata à beira de janelas sempre fechadas. Não há o que me importa nos luminosos, são lembretes que jamais consulto, espetáculos dispendiosos que a nada me convidam. É um mundo meu o que desenho com meus passos, os carros seguem outros carros que não vejo, sem crédito às paralelas de Belchior. Vejo uma lâmpada festiva que balança na marquise antiga e aplacável sinestesia me detém, penso perpetuar oxigênios dentro do meu peito, cheiros de vida nova, de paixões que logo me escaparão pela boca. E sorrio. Escrevo um poema imenso no ir e vir da lâmpada pequenina, que a mim nada pergunta. E dói-me absurdamente ter que dizer gostaria em vez de gostava.


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