Círio d’amor!

Data 10/04/2007 13:36:01 | Tópico: Poemas -> Amor

Existe um drama matriculado em gregos capitéis
que fala de uma natureza imaterial.
Existem margens nocturnas de Chopin
que nos recordam permanentes, o alvoroço da manhã.
Da nossa alma
Do nosso corpo
Existe um código dizimado num universo d’afecto,
que é só nosso, que do extrínseco mundo é tão secreto.
Existe um esbarramento de gestos d’ egotismos
na sede insaciável de nos darmos, enormes e completos.
Existe, no caudal do verbo em que te escrevo
ribeiras férteis, peixes voadores,
e por cima, a encimar, um arco-íris, milhões de cores.
Existem pés gretados a calcorrear a rigidez dos torrões
e por nós, para nos iluminar as estradas, o Céu se esvai em
trovoadas milenares. Relampeja-se de trovões ...
Círios d'amor, velas, clarões.

Varejam a atmosfera gélida que, do cume ao sopé,
da mais inóspita, bravia serra, segreda, sopra...

Sopra-nos num vento agora abrigo quente,
erudição de gente,
que se entorna manso e nos enfola a vela.
Nos vela.
Desflora-nos em pétalas, brilhos, flores de papel,
e nos conduz na rota incandescida
da soturna caverna dos amores.

Existe um drama versado em gregos capitéis.
Existe um palco de marionetas puxadas p’los cordeeis...
E este sopro, que permanentemente escuto
do desejo do teu corpo, meigo, sábio, resoluto,
sobre o meu rosáceo, impoluto.

E este sabor perpetuado, em cerejas albas
dos teus beijos na corrente ardente das palavras.


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