Entre tantas palavras por escrever...

Data 11/04/2007 12:30:00 | Tópico: Poemas

Entre tantas palavras por escrever - açaimadas,
trancadas -, residual navega um gesto
Brando, aberto, absoluto
Brando e alvo
Branco nato ...
Inato o gesto de um esboçar de beijo no umbigo
do mar lato de tão vasto.
De dormir serena, inteira,
no colo sinuoso da dúbia sementeira.
De beber da desordeira e fria brisa, a mais cruel ventania.
De ser alegação e ser pretexto de um rio intacto, nascer,
brotar, rolar(se) cascalho ou seixo,
em margens voluptuosas. Beiral, roseiral sem rosas.
Apenas prosas ...
e estes acúleos infestos em manifestos caminhos.

Entre tantas palavras por escrever
residem, resistem, resíduos incolores de tinta preta,
da mais absoluta solidão.
Em que abraços se tecem constantes
nos laços soltos na fuligem de silabados poemas.
Revoltos. Silvados, navegantes ...
Sempre em busca da sua origem.
Noite e dia, dia e noite
No dia que é noite permanente, hoje e sempre ...
No verso e no reverso do verso.

Ferem as palavras por dizer,
e aquelas que de ditas, crescem ébrias
nas videiras e nas cercas, em dilatados cachos
e as outras, recônditas, ostras. As palavras monjas
enclausuradas no claustro perpétuo do Ser.

Entre tantas palavras por escrever...


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