CANTO DO CISNE

Data 09/10/2008 15:18:31 | Tópico: Poemas

Como quem sangra,
contorcem-se folhas
em desespero
de tarde de Outono
ferida de vento...

E o Sol não desiste,
emplastra de cores
vinhas saqueadas,
empresta-lhe ouros
tecidos a púrpura,
ocres, jades e retalhos
de manta puída.

Como quem morre...
soltam-se folhas
em desamparo
de temporã velhice
fulminada a frio...

E o vento insiste,
volteia-lhes cores
de brilhos efémeros,
rouba-lhes viços,
artérias, veias, seivas,
e rasga em retalhos
o xaile ulcerado.

Sem norte
nem porte


as folhas vadias
eternizam cânticos
de cisne
inocente


e abandonam dores
no ventre do húmus
em letargia
crente...




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