FÁBRICAS DA MORTE

Data 12/10/2008 11:32:57 | Tópico: Poemas -> Tristeza

FÁBRICAS DA MORTE


Contemplo o pão:
O milagre da sua multiplicação
Ocorre bem diante da minha estupefata visão.


No entanto, não é do pão
Tradicional que eu falo:
O que é feito de trigo
E sai, do forno, cálido.


Não, não é este pão
Do qual minhas mãos
Febrilmente falam-exaram.


Francamente,
O pão ao qual dirijo meu protesto
Baldio, agônico e celerado
É áquele que camufla a fome;
É áquele que fomenta a prole de malograda sorte;
É áquele que castra novos, sequiosos, utópicos e edificantes horizontes;
É áquele que erige, molda e alvenariza
As móveis e prolíficas mansões da morte.


JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA


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