
Dia de trabalho
Data 12/10/2008 22:34:31 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| Abro a porta e fecho os olhos Ao que se passa ao meu lado... À minha esquerda, a prostituta Meio morta, meio falecida, Vende-se aos que à minha direita Se apresentam aperaltados.
Dois passos mais à frente, O moribundo pede-me comida E eu recuso. Este mundo não o merece. Passo a estrada onde ainda ontem A velha levou com um carro na cara. Piso o sangue seco e sigo viagem.
Chego ao destino e não sei quem sou. Só sei que não estás lá E tenho sangue nos sapatos, E dinheiro a mais no bolso, E uma prostituta à porta de casa. Tenho de voltar para trás.
A estrada tinha sangue fresco. Um jovem seguiu o exemplo da velha Mas tinha sangue mais quente e vivo. Paro em frente à poça... e respiro. O moribundo recebeu uns tostões Mesmo antes de beber o sangue no chão.
Cheguei à porta de casa... A prostituta ainda lá estava. Não censuro quem ama a profissão, Mas se não é esse o caso, A minha porta está aberta. Amar o mundo é amar-te.
12 de Outubro de 2008
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