de magritte

Data 15/10/2008 10:19:08 | Tópico: Poemas -> Surrealistas

era magritte
a escorrer da tela ali ao lado
e o rio limpo do meu corpo em espera

o mergulho

o eco da pedra pulsante a esculpir-se margens
no vermelho sangue das artérias
e dos sentidos
|era
a ternura semi-nova da espera
e a vontade
d’abalroar(te) a pele em asas livres ...,

da boca o beijo
o cetim perverso, barba ponteada ao de leve
a roçagar-se em meu pescoço

de magritte
o gesto com que rasgava a flor das horas
d'adagas hirtas e velas do Tejo

faluas leves

ao fundo
profundo o risco
o sulco, a chuva baça d'aurora …,

de magritte ainda
o reflexo em babugem delatora

das águas
as cinzas
e a fuligem com que visto agora meu dorso.

nomear-te
sem palavras à luz de velas e dedos nus
nas pálpebras diluidas em viagem
e nunca vires
vagem, flor. flor, semente...

se não és mais que de magritte ausência, crua miragem.


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