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 CalçadaData 15/10/2008 21:54:54 | Tópico: Poemas -> Introspecção
 
 |  | Ando pela rua com sapatos largos Que se afundam nas fendas da calçada.
 Fendas que parecem poço de morte
 Queda infinita, única e final
 Que se repete todos os dias.
 
 Não me falem de religião...
 Deus não cobrava o dízimo, pois não?
 Dois mil e tal anos já lá vão,
 O Deus de hoje
 Que vá para o raio que o parta!
 
 Não me falem de inovação...
 Os clássicos não desprezavam o belo, pois não?
 Por muitos séculos que passem,
 A sua obra ficará para sempre,
 Os modernistas
 Que se lixem!
 
 A história é bela.
 A cultura é inegável.
 O que somos é incontornável.
 Se me querem tirar tudo isso,
 Amanhã levo sapatos bem apertados,
 E espero que a fenda me envie
 Lá bem para baixo,
 Longe da voz, da ignorância,
 Da estupidez!
 A fenda que estava lá ontem,
 Espero que esteja lá hoje...
 Pelo menos a calçada devia ser como sempre foi.
 
 
 15 de Outubro de 2008
 
 
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