
A FRIEZA DOS MECENAS
Data 16/10/2008 11:06:37 | Tópico: Poemas -> Tristeza
| A FRIEZA DOS MECENAS
O sol da hossana ao telúrico conhecimento Não quer mais iluminá-lo intensamente: Sonha, ao contrário, sequiosamente Em vê-lo sucumbir, De maneira lenta, estertorosa e pungente, De fome, de banzo, de sede.
Ele se cansou de ser A ponte para a mágica Popular verbena: Não quer mais Que o povo Faça reverência Á sua gênese, ás suas raízes, Aos laboriosos agentes Que nos lavraram e nos esmerilaram A mente da Terra do regaço quente.
Contudo, Algumas filhas Da sofrida feérica Argila Suplantaram a castração da vontade: De posse da chama da onipotente tenacidade, Fazem florescer edens da resistência Ás nuvens promotoras do genocídio Que alveja o nobre bailado.
O bailado carpe, Em fluxos de veemência, Um mar de tristeza tão funda Que aflora, em quem o contempla, Lágrimas de pena, dor, impotência!
Não, Mesmo trôpego E sem dínamo financeiro, O bailado não entra na rota Do influxo: Ainda que corra O risco de ser repasto da recôndita piranha, Teima, chora, foge, luta E não se rende nunca! Rende-se: entrega-se Ao Frevo, ao Reizado, Ao Maracatu, ao Xaxado, Ao Coco, á Chula, Ao Congado, ao Bumba-meu-boi, A magia da nossa telúrica Dança.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
|
|