
apenas ler c\ 1,5 de alcool na mente
Data 19/10/2008 21:06:25 | Tópico: Poemas
| Nunca viu nenhuma princesa Nem nunca viu cadáver a dar à costa Tem família em Angola Um cão preso pela corrente Deita gotas nos ouvidos Dois livros premiados Outro quase a vencer Tem as quartas todas livres E as sextas para as bebedeiras Tem um sangue supostamente burguês Tem dias que veste saia E outros que anda nu Acha que o Sol é uma cópia barata de outro que já morreu Diz que à riqueza não comenta Aluga sinas com bons destinos Arde só de pensar que vida é esta É um homem com ombros largos Uma barba que faz aproximar as mulheres Um silêncio que é mago e letal Dou-lhe mais uma pista: Seu primeiro nome é Jesus Dormiu em barraca montada Lá para os lados de Nazaré Sua mãe virou estrela de Holliwood Seu pai teve um caso com a solidão Deixou de entender os astros Essas coisas que para entender não basta olhar É preciso abrir os livros em página certa
Depois nasci eu Dentro de um cesto que por estar mal empalhado Acabei por cair e magoar uma formiga Eu cresci e a formiga não Foi aqui que nasceu o Erro E as séries policiais
Os bandidos vieram muito atrasados O que não é costume Depois de me comprarem a primeira roupinha Deixei de andar nu Sem poder esconder nada Disseram-me que o amor são veias cruzadas E eu acreditei
Agora que sou grande E uso as mãos para tudo mais Corto a barba Uno os lábios e assobio E uma mulher vem à janela dizer que já posso subir
E eu finjo que é só mais uma pergunta Como as tais que vêm do Oreinte Que de tão carregada de pronúncia Mal se entende o paladar Agora sou eu que vejo a Vida Em estado de evaporação Comprei meia dúzia de credos E olhe digo-lhe que foi dinheiro mal gasto As mesmas dores nos rins Os mesmo chinelos rotos As mesmas árvores para mijar Entre isco e anzol já não sei o que quero ser Virtude é que não! Não me consinto fazer Tours pelo meu Ego Ele que se dane! Eu também tive de sobreviver Até chegar aqui a este poema Que aparenta dois mil e poucos anos Mas não! Ele é recente Saído da última colheita Que não foi de vinho nem de sangue Uma colheita de versos Palavras soltas no meu whiscritório Sonetos inacabados Arte espalhada pelo chão Filhos atrás dos móveis Debaixo do tapete Enfim Tudo obras ocasionais Depois de uma noite a ingerir remédios E outros produtos não-catalogados Pela medicina que eu invento Através de folhas secas e enroladas Num papel de arroz que não dá para comer O que sinto muito Pois tenho fome de um bom prato Servido com azeitonas da Beira Para falar a verdade tenho de me despir Mas o frio corta e a verdade também Por isso me chamam de louco Um sócio cativo da loucura Que me fecha e olhos e leva-me Por cidades estelares Caminhos novos a vencer Com um relógio pendurado na cabeça Para saber que é hora De escrever o poema Para ser lido em voz alta Depois da partida Do homem que morreu com trinta e três anos Após um show ao ar livre E que ninguém acreditou E espatifaram-no Seu nome É Jesus de Oliveira Morava lá para as bandas do Cacém E sonhou um dia ser poeta Com mérito e reconhecimento Mas tal não aconteceu Porque tem um filho menor que se droga E vendeu todos os direitos A um polícia à paisana Que tinha um crónica no jornal De muito sucesso Que por causa disso até ganhou um prémio Mas que agora está reformado Ocupa seu tempo em bilhares e jantaradas Apalpa o cu às raparigas mais novas Sem que isso lhe cause insónias... Mas enfim Tudo gente culta Mas que não sabe um único passo de dança!
Para aprender tive de esquecer tudo o que aprendi Depois de saber certas equações Determinadas operações Interpretar a saudade numa regra de três simples O que é o amor na prova dos nove Por que somos carnívoros até à hora de morrer Ou por que é que o coração é um armazém de remessas vazias Por isso Por isto Por quilo Por aqule'outro Decidi esquecer ao que vim e o que sou
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