
Dueto com Amora
Data 21/10/2008 14:57:00 | Tópico: Duetos
| Deito-me, na fresta da espera, como uma lua minguante se deita em lençóis negros de céu, perdendo-se, desmaterializando-se nas mãos insensíveis do tempo... (Amora)
Deito-me, refeita de mim, como se o tempo impusesse os desígnios de uma vida errante, que se esvai, numa opacidade cristalizada em direcção ao horizonte. (Vóny Ferreira)
Deito-me, saudosa de sol, em sombras amargas, pele de minha pele, como a alma do fogo se deita, exausta de cinzas... (Amora)
Deito-me, extenuada da chuva em arrepios húmidos em tremuras suadas como quem foge do escuro permanecendo inactiva… (Vóny Ferreira)
Em líquidos temores dissolvo-me, espessa, gélida, desencontrada; deito-me no impossível do teu colo como se existisses, luz, como se fosses vasta promessa d’algum paraíso antes da morte... (Amora)
Acordo, enfim, desse sonho inebriada pela longa espera. Em busca da eterna chama, que ilumina o altar da tua poesia! (Vóny Ferreira)
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