O portão

Data 15/04/2007 11:56:31 | Tópico: Prosas Poéticas

O portão é grotesco. Do outro lado está ela. Bela como sempre.
Deste lado, destruído e sem forças, estou eu.
Os cabelos dela brilham como cristais, os seus olhos hipnotizantes deixam-me devastado. É impossível tocá-la, é impossível derrubar o portão.
Ela em todo o seu esplendor, eu inexistente. Olho-a infinitamente. Não me tiraram os olhos, posso vê-la e amá-la para sempre.
Não posso sentir o seu abraço nem o toque da sua pele. O portão separa-nos. Ela não me ouve nem me vê. Desconhece a minha existência.
Eu amo-a como todas as forças que me restam. Vou amá-la sem que ela saiba, até ao fim dos dias.
O portão é impossível de atravessar mas não me impede de a amar. O portão separa-nos da mesma forma que nos une.
Ela nunca saberá que existo mas vou olhar seus olhos eternamente.
O portão grande que nos separa e une estará sempre entre nós. Nunca o vou atravessar.
Ela estará sempre do outro lado com a sua beleza infindável. Eu estarei sempre aqui, apodrecendo sozinho deste lado, amando-a sempre e oferencendo-me todo a ela.
Sem saber que existo estará sempre unida a mim, pelo portão, o portão da separação.


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