Campo Santo

Data 23/10/2008 02:03:48 | Tópico: Textos

Um campo parco, encima dum morro, muito mal cuidado, era santo. Antes de tudo, haviam pessoas defronte o portão fraco e enferrujado. Rostos úmidos e frágeis, com uma tristeza que,como todos sabem, duraria pouco. Ao pé da ladeira, uma cena bonita, aqueles corpos significantes a espera de um outro que, de certa forma, ao mesmo tempo estaria e não estaria lá.

Depois de algum tempo, o suficiente para cansar aos que ficaram de pé, o Motivo veio através do portão, imediatamente depois de subir amargamente a ladeira. Belas ladainhas de coros fúnebres, desde uma antiga casa, vinham sendo cantadas. Homens nem sempre tão esbeltos revezavam-se em ajudar a locomoção, mas sem a desejada gratidão do Motivo. Pelas vielas pouco espaçadas caminham todos irrigando as pedras que, adicionadas ao canto, estavam tristes sob os passos ritmados. A musica seguia, não parou mesmo quando passou o portão enferrujado.

Naquele parco campo onde ninguém morava haviam, fotos, flores, e memórias perdidas e invisíveis. Os rostos frágeis com gentileza se amontoavam consultando o gemido que em coro gemiam, esperando a despedida de um alguém que não havia. Acompanhados pelo padre, que os pecados expurgava, á volta do fosso e daquele Motivo, sofrendo uma dor que é difícil explicar, oravam todos odiando a Deus.



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