Hora de ponta

Data 03/11/2008 20:15:16 | Tópico: Poemas

No tempo que prende o dia
Nas horas gastas do tédio
Que me assola
Há qualquer coisa de vago

No embrulhar do passo trôpego,
Do bêbado cambaleante
De sobretudo velho
Como a profissão da puta

Que se ajeita,
Anca bamboleante

Em esquina de hoje com o sempre
Na encruzilhada do mosto
Com o alvo pó que teima
Em lhe fixar o olhar

No jornal recesso
De notícias lidas mil vezes
Que embrulhado serve de ponteiro
Ao sinaleiro improvisado

Que meneia os braços
Cauteleiro sem fortuna

Na moeda que estendo
Gasta como as horas
Que o dia teima em prender
Ao velho da rua

Que estende a mão
Suja, macerada, com mácula.

No sino que marca a cadência
Da noite que espreita
Do alto da torre, a missa vespertina
Que vai dar o padre

Alheio, de corrida em contramão
Medo da morte do indigente
Que lhe atrapalhe o transito
Que já são horas, que já é hora…





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