Ponta de areia, para Sandra Fonseca

Data 06/11/2008 01:00:17 | Tópico: Poemas

Dá-me, amiga, teu nome poesia;
Que eu te ouça do espelho
Em todas as manhãs
Que me venham arrastar;
Transforma esse rio de areia
Que me banha as palavras
Em sorrisos que brotam no meu rosto raso,
Que meu sorrir seja pegada
Que nunca se apague,
Como um ruído de trem que não
Encontra estação...
Dá-me o esquecimento,
O mar morto,
Porque me arrancaram os trilhos,
Caminhos de ferro
Por onde chegar.

Porque eu não tenho ponta de areia
Não tenho, amiga, fé nos portais,
Ensina-me, um dia,
A ser Maria, Maria,
Maria demais...

Ponta de areia,
Ponto final da Bahia-Minas,
Estrada natural que ligava Minas
Ao porto, ao mar;
Caminho de ferro mandaram arrancar.
Velho maquinista com seu boné
Lembra o povo alegre que vinha cortejar.
Maria fumaça não canta mais
Para moças, flores, janelas e quintais.
Na praça vazia um grito,
Ai.................
Casas esquecidas, viúvas nos portais...

Milton N.



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