
O canto do mischling
Data 08/11/2008 04:01:06 | Tópico: Poemas -> Sombrios
| Acima do fulgurante vôo da águia dourada e dos delírios bem intencionados do messias que ergue um brado raivoso, Marchamos para as cinzas de glória conquistada a sangue e chamas Que consomem a última esperança de uma criança estuprada. Mischling canta como da última vez, Canta comigo como na derradeira batalha perdida.
Olhos azuis famintos contemplam o alvor cinzento e cuspido, Da redenção tardia aos cercados campos de arame e urina,piolhos perecem milhares, Mentiras acotovelando-se milionárias,imundície sob corpos nus, A mortalha de lembranças forjadas e novas farsas despudoradas Alimenta o abismo que agiganta-se diante da bandeira manchada, Sem a lança adornando o píncaro das violadas mansões.
Desperta então a pureza do cavalgar sombrio de Wotan Enquanto os flavos cabelos do Deus descansam sobre ombros viris E o pesadelo de rostos confusos atraiçoa aquele que vaga No subterrâneo de uma lenda imemorial.
Os apátridas rastejam no entanto sagram-se vencedores,perdem todos então A era do final zomba da virtude inalcançada e o tempo escasso esboroa-se, mischling,canta o incompreensível trajeto dos soldados ,estamos todos mortos.
A noiva que detenho sacia a vontade de tantalizado mártir dolente, A paixão transcende aquele ideal apodrecido quando o amplexo sereno da amada desparece na frígido desfile.
Posso sentir a verdade que desponta em lágrimas, condecorado infeliz, A cruz férrea da vontade documentada e esquecida como estigma canceroso fervendo no peitoral musculoso, Raça,povo,pátria,vaga,anula,resume-se ao acídulo vazio, Pela cruel semelhança comportando-se feito inimiga de toda honra e boa lembrança ancestral, Ressucitando na condenação dos filhos não abortados e na brutalidade demente dos novos seguidores do ladrão de símbolos.
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