Divagações de Outono

Data 15/11/2008 09:50:30 | Tópico: Poemas -> Reflexão


Irrompes pela noite dentro qual quimera
Despertas as minhas visões mais tenebrosas
Onde o meu corpo se agita na água de um lago
Que se fez lodo
Secou, como esgotou o meu apego a ti
Como definhou a minha exultação contigo
Despontas atrevido como uma energia que me invade
A mente e o corpo em noite de Outono
As folhas das árvores caem rendidas
Ao vento frio que convida as aves ao aninho
Enquanto no vazio das ruas o meu espírito
Vagueia silencioso na tua direcção
Ser incivilizado e cismático
Que guerras travas dentro de ti?
Que pessimismo da vida não sobrepujas
Que debuxo caiu no poço da apatia?
Alma insurrecta num barco feito de rebeldia
Inadaptado à iniquidade divergente dos afagos
Guerreiro insubmisso perante um mundo em agonia
Porque voltas tu?
Para de novo voltares para o mar convulso
Pelas gélidas, negras e colossais vagas
Metamorfoseadas em maremotos furiosos
Destruindo a serenidade da terra inundando-a de pragas!
Companheiros em conflito de outras existências
Em aproximação inexplicável de premência irracional
Quem és tu afinal?
Tormenta inconsciente renascida do capricho
Espaço exíguo que me acolhe no ânimo profundo
Coração aberto que se instala sem pedir licença
Depois, mesmo na ausência, oferece um rio
De sentimentos perdidos no dédalo do ser.
Que nos dá mágoa vaticinando a despedida.
Mas que nos engrandece em êxtase
Abençoada paz, no imo do furacão que nos premeia em vida!



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