O luso aninhado (visto por trás)

Data 17/11/2008 21:08:21 | Tópico: Poemas

De escopro afiado, como em pedra bruta
Esculpo a esfingie perfil do luso
E de uma maneira que eu pouco uso
Incluo-me na salada de fruta

Temos de tudo nesta humilde casa
Desde o mais trauliteiro rebuscado
Á embrulhada em papel rebuçado
Poetisa pimba em golpe de asa

Desde as devoções de doença tísica
Encobertos por ares altaneiros
Introspectivos adoradores metaleiros
Perdidos no átomo da sua metafísica

O tradicional portuga cançonetista
Em suaves aconchegos de alma
Que em trovas de rima calma
Faz do luso dança de pista

Tem um erro ali, tem um erro ali
Diz o purista, em ar professoral
Era espetar-lhe com a cartilha maternal
Dizer-lhe que já vi erro dele aqui

E depois há ainda os versáteis
Que sobre tudo discorrem
Atrás de ideias que lhes fogem
Pasme-se(!), acham-se ágeis

Não podia faltar o/a subtil
Que valha a verdade não abunda
Era de lhe dar um pontapé na bunda
Para não nos vir com acto vil

Àh, mal de mim que me esquecia
Da constante de amor sofredora
Que arrebanha qual pastora
Dores, de quem o ego lhe acaricia

È entrar, tem “pró” menino e cavalheiro
“Prá” menina e “pró” traste falsete
Que assim queira enfiar barrete
E mil loas meter ao mealheiro.

Como disse ao inicio das rimas
Em alguma me reconheço
Só não digo com qual me pareço
Conto com a ajuda do ácido das limas.



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