coreografia de gestos
Data 18/11/2008 20:21:51 | Tópico: Poemas
| o Inverno, de mansinho volta, no redemoinhar das folhas amareladas por sobre pedras de calçada e no levantar das aves soltas dos bandos em sobressalto…
o sino toca as cinco horas, na hora (in)certa do campanário da igreja. branca a igreja e as horas, outras, de palidez esquálida.
agitam-se as mãos e os olhos turvam em conspiração d’afectos retorcem-se em falanges e nódulos retraem-se em fúrias em gestos parcos - na filologia d’acenos glóticos agitam-se tal bandeiras de fímbrias rotas e líricas e harpas. dedilham-se sevilhanas em palco de saltos altos.
coreográficas bambaleiam as ancas nos fundilhos de calças, em napas de cadeiras.
…angústia insana de quem não sabe de si senão o espanto de saber espantalho de seara em campo a descoberto varrido por refúgios de ventos.
searas outras e vindimas provectas em que as uvas e as papoilas burilavam esperanças em ramos de violetas e se urdiam madrigais e fados nas bocas sequiosas das cantadeiras…
e, o Inverno, de mansinho volta, em lágrimas de pássaros em bandos e vozes que se ecoam torácicas, em peitos, em (an)seios em preitos, sublevadas em meneio, cansadas de mudas, cansadas de tão roucas…
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