Vogar em ti

Data 19/11/2008 11:17:17 | Tópico: Prosas Poéticas

Abres-me a janela da alma e instalas-te em mim com a suavidade da brisa fresca da manhã, rejuvenescedora, sem mácula. Mas o que me fazes sentir é um furacão, ciclone, tufão que arrasa á passagem do estabelecido. Nas palavras que me sopras sinto aragem mediterrânica quente e sedutora, que me empurra e me torna cabo das tormentas na dobra sinuosa do meu eu... E qual nau Catrineta vogo nessas águas de cristal, velas enfunadas pelo teu sopro. Agarrado ao leme sinto a indecisão que te assola na direcção que me queres dar, crio pontos de amarras no meu convés na esperança de um porto de abrigo onde lançar âncora. Mas como a minha nau és ilha perdida que procuro ansiosamente encontrar. Quero ancorar na tua alma mas não te encontro na minha bússola. Deixo a minha proa seguir o seu caminho carrego na popa o espólio do teu carinho. Àhh, eu pirata, encostar a ti de bombordo gritando “á carga” de espada entre os dentes, gume afiado, apunhalar-te de paixão. Assim, deixo-me ir, quilha contra a razão esperando que cabo das tormentas se torne cabo de boa esperança, que me encaminha para as cálidas águas do Indico… Azuis, como os teus olhos.


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=61347