SILÊNCIO PROFUNDO

Data 19/11/2008 11:54:39 | Tópico: Prosas Poéticas

Chega a noite densa e tortuosa, como tantas outras que me beijam no silêncio profundo do sonho, e deixo que a indolência me invada numa carícia magoada, num desvelo inóspito dos sentidos.

Evado-me no vácuo da existência... procuro os códigos da alma perdidos no labirinto do pensamento, perco-me nos sons negros que me gritam em sussurros delirantes... agasalho-me no manto penoso da solidão que desliza pardacento no meu corpo iluminado de trevas.

Busco-me na identidade que se esvaiu pelos intervalos do Destino, mas os meus olhos turvos cegaram nos caminhos sombrios que o meu coração inócuo abraçou. Granjeio as minhas palavras de estrelas, mas a penumbra deitou-se ao meu lado... as nossas mãos entrelaçadas dançam agora na música arquejante dos crepúsculos nebulosos e lacrimejantes...

Sei que um dia me fugirá o verbo da alma, sei que habitarei os confins corpóreos do silêncio e o meu nome extinguir-se-á no grito do vento, infinda procela que assolará irreversivelmente a vertigem do meu ser...

Fanny


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=61359