
Mas tu
Data 20/08/2008 02:11:22 | Tópico: Poemas -> Amor
| Se tudo não fosse tão imprevisível, tão escuro Se o acaso não fosse tão certo quanto a morte Se a vida não me enclausurasse na dúvida Talvez não te admirasse na devida proporção Seria tudo mais fácil, natural, espontâneo Mas o grito fica cá dentro, devora o meu orgulho Amarra-me num mundo só meu Mas tu... A minha indiferença intimida-me, corrói-me. A minha presença rebaixa-me Quero vegetar, mas o sol se esconde na escuridão E tudo é lindo! A música apodera-se do vácuo A consciência desanuvia-se As silhuetas perdem-se na sensação O teu rosto voa e eu afogo-me O coração bate, a dor vem A timidez viola-me, despropria-me E o sonho?! Morre na minha recusa, reclusão Os olhos secam de lágrimas A sede sacia com o sal que queima as feridas Mas quais?! O desespero protege-me, alimenta-me Os pensamentos acumulam-se numa última sensação A dúvida aumenta Já não sei quem sou nem me interessa se o serei Mas tu... Nem mil palavras, apenas algo que sinto Acorrentado na mais impiedosa jaula sou um animal feroz, voraz, ávido de sangue, de carne, de paixão, de ti Sim tu! Mas tu... (Mulher, deusa, filha de Júpiter, esposa de Lúcifer) Espezinhas, esmagas, desprezas, difamas, atormentas, sufocas, magoas, beliscas, trincas, beijas, abraças, possuis... Eu?! Apenas existo, observo, lamento, sofro, choro, morro. Um pouco antigo, creio que foi um dos primeiros poemas que escrevi.
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