ONDE ESTÁ A RAZÃO ?

Data 20/11/2008 16:26:30 | Tópico: Poemas -> Amizade

ONDE ESTÁ A RAZÃO ?
Juliana S. Valis


Vivemos em um mundo cruel de injustiça constante,

Acordamos no ato em que o celular nos desperta,

Trocamos roupas, calçados, e saímos no instante

Da pergunta intrigante, que vive na alma discreta,

Sobre o "sentido" de tudo, nessa jornada estressante

De correr, de brigar por nenhuma causa concreta...



E mal temos tempo para pensar, você bem me diria,

Mal temos tempo para resolver tantos problemas, de fato;

Mas quando entramos nos metrôs rumo ao trabalho do dia,

O movimento das ruas rapidamente ofusca o asfalto,

Esmagado por passos, sem rumo, de uma rotina vazia,

Cheia de ônibus, carros, motos e poluentes do capitalismo insensato !



Por que tantas mentes se perdem no labirinto da vida ?

Por que tantas pessoas sensíveis viram robôs de consumo ?

Pessoas, antes geniais, perdem-se no shopping sem saída

De "ter" TUDO, e "ser" NADA, no contexto sem rumo

Que tem, talvez, o mesmo trajeto de uma bala perdida !



Uma vez, a televisão nos disse que podíamos rir,

Comprando objetos sem fim, de uma marca qualquer;

Mas quando provamos o sabor da dívida, aqui ou ali,

Percebemos que os "bens" não fornecem ruídos de fé,

Eles apenas querem rir da nossa cara, e nos possuir,

Invertendo a relação "sujeito - objeto" que o tempo requer !



E, assim, o coração não entende o crucial fundamento

De tantas coisas inúteis, entre as fúteis mentiras modernas;

Supervalorização do corpo, abrigando uma alma em tormento,

Desproporção entre tudo, como se o nada habitasse cavernas

De violência, egoísmo e tolice, expostos em telas de sofrimento...



Céus, os computadores, por evidência, não sentem !

Mas dependemos dessas máquinas por tantos motivos,

Nas instituições públicas e privadas, sem descargas ou risos,

Onde as emoções magnéticas se tornam prédios altivos

De ilusões coletivas, com lucros e perdas, e dilemas precisos !



E quantas polegadas terão os enigmas de plasma ?

Quanto lixo poderia ser reciclado na mídia constante ?

Quanto luxo tem o empresário, enquanto o consumidor morre de asma?

E quantos bilhões de seres humanos estão sofrendo neste instante?



Será que nós entendemos o que é toda essa delirante realidade ?

Diga o montante das dores humanas lá no ápice da tecnologia,

Na matemática vazia de somar compras de um "bem" que retarde

O efeito da uma "ilusão" anestésica, que nós mantém nesse dia,

Enquanto o caos coletivo e a depressão não nos atinjam de tarde,

Enquanto a violência urbana se olha no espelho da própria covardia!



Ah, como eu queria não ver toda essa bagunça digital

De marketing lançando falsas idéias e bens materiais,

Como se dinheiro, fama, beleza e sucesso fuzilassem o mal

Desse mundo que vende tudo, mas não compra a sublime paz,

Desse mundo em que uma minoria tem tudo (em status social),

Enquanto a maioria da humanidade sofre e não suporta mais

Trabalhar em coisas desagradáveis, até para pagar seu funeral,

Enquanto os milionários só pensam em luxo e cédulas mundiais !



E lá no pranto dos céus, que as chuvas nos lançam,

Entre raios e lágrimas, pelas nuvens da poluição,

Alguém encontrou a fórmula da felicidade exultante,

Tornando-se "celebridade", com as notícias que vão

Espalhando vírus na WEB, sem vacina no instante

Em que Algo nos disse: onde está a Razão ?

Será que a Razão viajou para algum planeta distante ?

Não, isso não; pois Algo descobriu, depois, pela televisão,

Que a Razão foi ficando seriamente doente e oscilante,

E como ela não tinha dinheiro, morreu sem remédio e supervisão.

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registrado por Juliana S. Valis

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