Indigente o luar

Data 23/04/2007 15:56:50 | Tópico: Poemas -> Tristeza

Indigente o luar, colado ao teu corpo
recorta-se agora permanente em luas cruas e frias.
No zero absoluto, despótico, soberano.

Indigente o Sol
dependurado ao teu regaço.
Revela-se pétreo, sepultado no alforge da pedra.
Revela-te residual, habitante de um espaço devoluto.

Indigente se fez o tempo presente,
a escorrer-se verde, coalhado, em vómitos de sangue e larvas,
nas avenidas e cidades...
Em cada rua,
em cada ruela,
em cada artéria,
de mendicidade, de miséria descolorida,
da perda a tua íntima humanidade.

Indigente a Lua, indigente o Sol
e o platinado luar ...
Que teimam grotescos em se reflectir
no vazio vítreo do teu olhar.



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