Castelo em Ruínas

Data 23/04/2007 18:08:13 | Tópico: Poemas

Pedras soltas de história
Carregadas de dor e paixão
Perdidas no esquecimento da memória
Soterradas por anos de solidão.

Relatos intermináveis de batalhas
De sangue pela pátria derramado.
Conquista de mar em velhas muralhas.
Homens que nos deram um passado.

Alfarrábios que nos contam lendas
De gloriosos e valentes guerreiros
Com honras de mortais contendas
Proclamando liberdade aos prisioneiros.

Chamas de um fogo apagado
Pelo desleixo de futuros tardios,
Avivadas por heróis desejados
Que aquecem o passado em dias frios.

A revolta que supera o medo,
O brandir dessas armas toscas
Que se ouve ao longe… morre cedo.
Testamento de palavras ocas.

O presente e decrépito discurso
Daqueles que se dizem sucessores,
Que destroem todo um percurso,
Que fazem de nós opressores.

O engano e a mentira que juntos cavalgam,
Seus corcéis loucamente Dantescos,
No arfar poluído em que governam
Impérios outrora gigantescos.

Este castelo que agora me acolhe
Que me fala baixinho no silêncio da Lua,
De todos os mortos que ela escolhe
De cada querela que tem como sua.

As árvores que o rodeiam alinhadas
São como hordas que se erguem
À voz de comando chamadas,
Prontas a morrer por quem defendem.

Sujeitam-se ao sacrifício final
Às honrarias inerentes
De um último golpe brutal
Decretado por homens dementes.

Descerra-se um nevoeiro intenso
Que esconde fantasmas e temores,
O calor da guerra que é imenso,
A vida em todos os seus horrores.

Recosto-me neste eterno paraíso
Onde ouço o falar de aves canoras
Que palram em tons de aviso,
Sobre o fim… que está por horas.

Vivem-se generosos minutos
Que cantam logros mundanos,
A antiga alegria dos putos,
O leve passar dos anos.

Alegra-se o incauto que não crê,
O louco infeliz que não sente,
O cego que sabe, mas não vê,
Todo o Homem que a si mente.



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