Quando eu for velho

Data 25/11/2008 17:16:19 | Tópico: Poemas

Pouso os olhos em ramo de oliveira
que inspirou poetas e tiradas bíblicas
nada me chega dessas poesias
cão que me vem cheirar á beira

ar sabujo olhar inteligente
mostra-me o alvo dente
em sorriso de contente
dá o pau que atiro em frente

mando-o para longe sempre pensativo
pendurado no ramo que ainda miro
sem folhas como o que lhe atiro
despido do ar outrora altivo

nesta vida, de Outono vestido
despido de primavera
e de estio de outra era
como o pau de orgulho despido

que o sabujo me entrega
em alegre desvario
ignorante do infeliz arrepio
neste ocaso d’arco que escorrega

olho os ossos do sabujo
rompidos nas articulações
gastos de inúteis sensações
a correr atrás de pau sujo

sinto-lhe a mesma militância
que outrora em vão senti
dos sentimentos que vivi
em tão esmerada constância

resta-me o inverno dos sentidos
esse ocaso de esperas desmedidas
de dores e penas deveras sentidas
visto o traje em centímetros medidos



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