Coração despedaçado

Data 25/11/2008 23:59:07 | Tópico: Poemas -> Tristeza

Coração partido,
despedaçado em fragmentos
espalhados pelo chão outrora verdejante,
agora da cor da terra.

Como pôde a virtude da brisa
agarrar o mundo
e vorazmente prendê-lo ao sol
queimando cada metro quadrado desta Pangeia,
derretendo os oceanos em marfim e safira de espaço vazio...

E no licor de uma despedida
a sentença do meritíssimo juíz:
ontem foste o meu braço direito
hoje és réu sem o mereceres...
mas vais preso à mesma,
(porque acreditaste na eternidade de um sonho)
até ao debaldar dos teus dias...

Sou grande para mim,
serei grande para o mundo
se assim o mundo me aceitar...
e nascido no poço profundo
(sítio errado talvez)
mais profundo que alguma vez possas imaginar...

Por entre os pacatos luxos
da existência compreenderás
que a cruz que ao ombro carregamos
é mais difícil de puxar
do que o peso da atmosfera que agora respiras,
e a minha é imensamente pesada
mas pela qual puxo com esforço e dedicação
todos os dias da minha vida
mesmo perdido nas minhas debilidades.

Que não te venha a fazer falta mais tarde
o licor do voo de estrelas
e o ar no peito,
porque és bela demais para o merecer
e eu só te quero bem.

Um dia serei a luz que vejo
ao cimo do vazio de mim
entre as pedras calcadas
que a meio de caminho trepo
deste fosso do qual saio
aos pouquinhos...

É entre as quedas incompreendidas
que desfaleço momentaneamente
e me levanto...

Sorte a tua de teres o cintilante brilho
ao teu lado...

Se soubesses
como na realidade te podia ter amado...
e não soubeste invocar o meu odor
quando me tiveste
nas mãos...

Morro nos teus braços
lavado em lágrimas
porque assim me moldaste
quando me largaste ao vento
entre as palavras ternas que te escrevi,
fui a poesia que não leste...
mas que alguém lerá um dia...

(Como gostava que fosses tu...)


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