Num Hospital um computador pode matar?

Data 27/11/2008 20:38:48 | Tópico: Poemas

Sala de espera cheia,
o hospital a abarrotar
sentei-me à espera
com vário sitomas…
constipada, dor no corpo
e falta de ar.

Olhei em volta,
pensei…estou bem!?
Tanta gente à minha volta, tão mal,
que cor me irá calhar,
na pulseira que me vão colocar?

Tirara-me uma fotografia,
para ficar na ficha a decorar.
Colocaram-me a dedeira
ligada a uma máquina
uma voz ressaltou...o seu coração
não está bem,
vai ter de entrar
não pode esperar…

Pensei...será que estou a morrer?
Ela que venha devagar...
para eu poder observar.

Chamarão o meu acompanhante,
ele com seu ar meigo
de certeza vinha a pensar...
(já não lhe faço o chá ao deitar
nem os mimos lhe vou dar).

O meu pensamento
foi mais longe,
(ele vestido de preto a chorar
e a concorrência ao tão vistoso
não iria faltar,
pois vestido de outras cores
às vezes encontram-se muitos olhares).

Colocaram-me a máscara
todos os exames
começaram a efectuar...

Na sala,
uma senhora muito velhinha
ao meu lado
queixava-se de estar torta
não se conseguia endireitar,
a maca estava partida
tinha um cobertor
dentro de um saco de plástico
para não entortar,
trocaram de maca
a outra estava escavacada
tinhâo novamente de a mudar…
a senhora ficou com falta de ar
colocaram-lhe a máscara,
qual foi o meu espanto...
olhei e vi o tubo for do lugar
e ninguém para o arranjar.
Tirei a minha máscara e num salto
fui concertar.
(se quiser pode pagar com um sorriso
ao melhorar).

Olhei em volta e reparei...muitas senhoras,
naquele momento, era-mos todas iguais.
Importava, quem estava mais a sofrer?
Uma sala com material velho,
um computador cinzento na parede
a iluminar.

Os medicamentos para me darem
não apareciam no computador
eu já estava a estranhar…
a enfermeira foi perguntar.
Logo entra o médico, espavorido…
meti os medicamentos na ficha de um homem, mas teve a gentileza de pedir desculpa, por se enganar.
(fiquei disforme na fotografia, não havia o médico de se enganar).

Pensava que ficava por ali,
ouvi um alarido
era um homem a entrar
de etnia Cigana ou Romena
a sua mulher tinha a cabeça partida.
Nem sei o porquê...
do que tinha acontecido?
E pensei não me interessar.
(tenho três filhos para criar)

Não existia segurança?
Enquanto a enfermeira
em bicos dos pés
dizia...as senhoras estão despidas
não se pode entrar!

Concentrei-me nas tairocas
de madeira que a senhora
trazia nos pés, boas para
à cabeça lhe arremessar
ficava tudo resolvido,
ficava logo na sala a lado.
(quem bate por amor, não merece castigo rsrs...)

Uma velhinha simpática
que ternura...
só com um dentinho
sorria para mim,
logo à noite
ao bailarico
vamos todos
dançar.

O senhor teve que sair,
eu gostei muito da estadia.
Estou melhor!
Conseguiram-me tratar!
Voltei...
estava com muitas saudades
de vos encontrar!


Nota: A única coisa que sei dizer...aconteceu de verdade!
Agradeço a opinião, podem se manifestar...
Isto é um poema?
De tristeza?
De humor?
Onde o devo colocar?













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