
Hospício das Palavras
Data 03/12/2008 19:56:40 | Tópico: Poemas
| Não vou escrever as palavras doces que os teus olhos pedem não vou… aos lugares que os teus sentidos almejam…
Não vou resistir aos poderes dos sorumbáticos que anseiam desgraças para que possam crescer…
Respondo-te asa branca deste meu destino oscilante - vou entregar-me desfalecido de tanto lutar tão esquecido…
Rege-me um dilúvio de nadas dispersos e eu, triste, coberto de choros encolho o meu corpo e aceito o momento fingido…
Não! Não vou escrever as palavras que norteiam a tua ausência onde prolifera uma demência inóspita…
Não! Não vou resistir ao nosso destino final…
Perdoa-me porque parti perdoa-me porque fugi não encontrei as palavras antigamente doces que os teus lábios cobriam transbordando emoções quando ao piano tocava para ti a música do principesco bailado e na tua silhueta voava aos píncaros dos magistrais encantos puxando-te para um sonho que ambos inventávamos…
Perdoa-me se te menti se escondi a minha morte se no acaso sorri… quando sofrias.
Já nada me faz sentido neste meu rosto ferido enfeitado de sangue transbordado diluído nas lágrimas que acariciam este olhar… perdido.
Desfaço-me dos dias enganosos das noites frias e das clemências impostas desfaço-me… tão-só na brandura da minha dor.
Perdoa-me! Perdoem-me…
Não resisti, e alucinei-me com as palavras nesta loucura das tentativas defraudadas não resisti, e degolei o poema num gesto destemido insano e sórdido no silêncio da fraqueza e na sombra da vergonha…
Escondi-me entre as letras num refúgio desprendido para assim poder ser tão louco como as palavras…
Agora ninguém me vê ninguém me sente mas eu ando por aí…
(guardado em segredo…)
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