O Engano

Data 06/12/2008 11:07:19 | Tópico: Poemas

Trovejam os céus impiedosos
Cinzentos, imponentes, pejados de subtileza.
Chuva insistente contra a janela
Qual lágrimas de uma história tão bela
Por onde passámos… eu e tu, a tristeza,
Mundo repleto de sentimentos poderosos!

Sonho contigo na primeira pessoa,
Numa língua tão estranha quanto antiga,
Num tempo tão perfeito como distante.
Sinto-me confuso, perdido… ofegante,
O gélido calor da tua mão amiga.
Tudo num grito de liberdade que ecoa.

Em todas as direcções ouço passos,
Correntes, risos… dor e sofrimento!
Sinto nojo, raiva, aflição.
Instintivamente largo a tua mão…
Voltam os trovões ao meu pensamento,
Luzes de esperança em reduzidos espaços.

Músicas de notas perdidas
Que suavemente me embalam o dormir
Que serenamente me hipnotizam,
Enganam e exorcizam.
Tons ridículos que fazem rir,
Que me lembram outras vidas.

O berço em que dormia quando criança,
Qual navio em mar revolto…
É agora uma mera lembrança
Da ténue relação com a esperança,
Um tijolo num muro solto,
O elo da inocência e da confiança.

Espectros negros em chamas,
Incandescentes faúlhas que iluminam as estrelas,
Firmamentos em tons de mágoa.
Teus olhos com o brilho da pura água,
Lágrimas que caem singelas…
Saber que ainda me amas.



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