MATAS A TI MESMO

Data 07/12/2008 10:19:17 | Tópico: Sonetos

Por quê colocas aquém de ti a natureza,
Subjugando-a a teu poder imaginário?
Por que te apartas da completude e da beleza
Como se fosses parte fora do cenário?

Não vês que em ti vive a origem do universo,
Que és uma peça, face viva neste jogo?
Se o poema equilibrado perde um verso,
É semelhante ao crisol que perde o fogo.

Erguer a mão contra teus pais seria louco,
Também seria insensatez ferir teu filho;
Desequilíbrio tal: um ato de torpeza.

Por quê então pensar assim que seja pouco
Ferir a essência, massacrar, tirar-lhe o brilho?
Matas a ti quando destróis a natureza.



Frederico Salvo.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=63308