Não sei como dizer-te, meu amor

Data 25/04/2007 19:42:17 | Tópico: Poemas -> Amor

Não sei como dizer-te, meu amor,
sem trair a essência soberana das palavras
que em mim desabrochas inopinado
em vaga-lume de chamas, meu amado …
Que desabrochas em sílabas humedecidas
em cada noite aberta e larga,
aberta e vasta,vasta e brava…

Não, não sei como dizer-te meu querido,
que és o termo e o começo de todas
as minhas fluviais emoções.
Que me percorres na alacridade
açucarada e trava da dorida saudade,
em cânticos e em zunidos ancestrais…

Não sei como dizer-te meu dilecto amado
que em mim és semente composta
nesta agonia adensada de sepulcral isolamento
Que só tu és vento
Que só tu és brisa
Sopro de alma,
a ondular as searas maduradas do meu corpo
e que, no desalento da tua ausência,
em agonia, és pedra de aresta aguda, intensa,
a escoar-se pelas paredes frias de melancolia.

E, contudo, neste palanque mudo, vazio d’actores,
é a tua voz, tal escondido ponto, que me mantém
de cabeça erguida …
São os teus longos, intensos, congeminados beijos,
o meu frugal alimento e o archote brando
que me conduz ambiciosa nos rios anunciados
do teu corpo, aqueles em que encontro
a paz póstuma adivinhada, quando de nós
labaredas forem apenas macilentas
luzes de astros distantes …

E os teus anseios saciados adormecerem
nas luas dos meus seios, mordidos na doçuras
dos teus beijo de vento…
E os meus desejos repousarem acarinhados
nos teus vastos braços sedentos…

Não sei como dizer-te, meu amor ...



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