| |  
 
 na hora em que pássaros se levantamData 11/12/2008 10:19:07 | Tópico: Poemas -> Surrealistas
 
 |  | na hora em que pássaros se levantam [dos barros já desgastados
 e encetam monótonos, monocórdicos acordes,
 em gargantas verticais aos planaltos …
 
 na hora somática de todas as horas antes
 em  que pedras sem asas são silhuetas íngremes
 lâminas entalhadas no dorso de auroras boreais,
 lágrimas
 punhais de fogo e aço a rumorejar as entranhas
 ainda ai, a ética esbarra o verbo e,
 amantes loucos voam mais e mais alto
 no azul-fogo, no azul-cobalto do céu
 contornando ínvios a tempestade…
 
 depois,
 depois resta a hora incerta em que pedras desviadas
 das pedreiras a jusante
 sibilam em minha nuca dores reconhecidas de parto,
 tufões
 ventanias
 dubiedades mareantes de velas ao abandono,
 que turvam, salgando, o meu olhar enverdecido…
 e as maças policromáticas de meu rosto
 são apenas e tão só resquícios de outonais Outonos
 em que o sangue das colheitas e serôdias papoilas
 se escorria livre na boca ávida de jograis,
 
 … na hora incerta em que pássaros se alteavam
 voando acantos na forma breve de uma eclética guitarra.
 
 
 | 
 |