CHUVA E SOL
Data 11/12/2008 16:49:52 | Tópico: Prosas Poéticas
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Por entre abrunhos e caniçais, embrenho-me no mato cerrado, tendo, por cima de mim, um céu azul-escuro, que mais parece ameaçar chuva, e, o rio, indiciando o tempo, que promete, reflecte suas ondas, no espelho das águas, já um tanto revoltas.
Recolhidas, no cimo de um telhado, de uma de tantas fábricas existentes, esperam as gaivotas a tempestade, para se lançarem de pronto no peixe, que, por estas alturas, de rio agreste, sempre vêm à tona, meio que perdidos, ante tanta agitação e assalto continuado de aves.
Gruas enormes, em zonas industriais, suas cores amarelas enegrecem, e, a ferrugem, começa a humedecer, à medida que o tempo se torna mais frio e as primeiras chuvas, desembocam gradualmente, salpicando tudo, à sua volta, até que, como diluvianas profecias, intensa se faz a chuva, por fim.
Encontrando um velho casario, que a tempos, pertenceu a pescadores, protejo-me o melhor que posso, da chuva, enquanto pinto um quadro, de memória, de tudo que minha vista alcança, esperando que a água não suba as margens do rio, inundando as tábuas, onde me recolho, ouvindo belas melodias.
Pela antiguidade, das telhas, o já velho telhado, cede por todos os lados, deixando que a chuva invada por ali adentro, obrigando-me a improvisar, com a madeira ao meu dispor, juntando-lhe algumas roupas, achadas caídas pelo chão, tentando dessa forma, tapar os buracos, enquanto espero pela bonança.
O que a mim pareceu-me uma eternidade, molhado até aos ossos, num repente, como que vindo do nada, tudo mudou, com o sol a tomar exigências, no céu, que, aos poucos, foi clareando, em tons bem mais clarinhos, e, tão logo, uma agradável sensação de calor, invadiu todo o recinto e pude sair, estendendo minhas roupas ao sol.
Tranquilizou-se o rio, e, suas águas amenas, continuaram seu percurso, que as levaria até à foz, um pouco mais abaixo, onde as esperava os pescadores, que, se preparavam para sair, para a faina, depois de uma manhã de chuva intensa, impedindo-os de sair, para as águas, buscando seu sustento e o sustento, de sua família numerosa. Vida de poeta ou de escritor não é fácil de todo, já que tem de vivenciar estas coisas, e, senti-las na pele, perscruta-las, com olhos inocentes e imparciais, como qualquer criança, descrevendo, seu dia a dia aos pais, da melhor maneira que sabe, sempre com a verdade e alguma fantasia, em sua dinâmica narração, onde todos podem sonhar, por momentos.
Jorge Humberto 10/12/08
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