A sentença final...

Data 12/12/2008 00:16:17 | Tópico: Prosas Poéticas



<b>Quebrei a promessa que fiz naquela noite, a última em que nos vimos ainda em vida e nos despedimos em silêncio só com o olhar... lembras-te?

Foram tão breves os instantes que tivemos na nossa despedida, antes que o efeito daquele veneno letal que me deste a beber do teu cálice, começasse a fazer efeito. Mas foi o tempo suficiente para que as nossas almas fizessem um pacto de fidelidade até ao infinito dos tempos, enquanto o tempo for tempo e o azul do céu continuar a espelhar-se nas águas dos mares...
Enquanto as lembranças da nossa curta existência, não forem apagadas da mente de quem de nós se lembre de tempos a tempos e que esse acto de pensar, lhes provoque um misto de choque e saudades...


Ainda tenho no pensamento todas as palavras que te queria dizer naquele momento, mas que ficaram presas na garganta, afogadas pelo nó daquela corda invisível, que me sufocava até ao limite das minhas forças, não me deixando solta-las como era da minha vontade.

Assim, partiste sem ouvir [sem quereres ouvir], o segredo que eu tanto te queria dizer ao ouvido...


Chegados aqui, a este martírio que não é céu nem inferno, arrancaram-te de mim, dos meus braços onde te tinhas aninhado naquela noite e arrastaram-te pelo chão, até que te fui vendo desaparecer cada vez mais longe e sem te poder salvar.

Hoje sei o porquê.

Foi a sentença que te foi aplicada no dia do juízo final!

Porque foste tu o culpado da nossa morte prematura... foste tu quem me convenceu a vir contigo. E tudo porque não suportavas a ideia de partir e me deixar à mercê de outros amores, que não o teu.


Hoje quebrei aquela promessa que tinha feito a mim própria, por me teres interrompido a vida que eu tanto gostava de viver.

Estou aqui... vim para te ver!
Mas não me peças para te perdoar...</b>




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